segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

CAPÍTULO 6

A primeira coisa que fizemos foi falar com Miss Garber sobre os nossos planos para os órfãos. Achou que a idéia era maravilhosa. Essa era mesmo a sua palavra preferida, depois de nos cumprimentar com um "Oláááááá". Na segunda-feira, quando se apercebeu de que eu sabia o meu texto todo de cor, disse - É maravilhoso! - e durante as duas horas seguintes, sempre que eu terminava uma cena, dizia-o de novo. Quando chegamos ao fim do ensaio já a tinha ouvido quatro milhões de vezes.
Mas Miss Garber, na verdade, teve uma idéia ainda melhor do que a nossa. Disse à turma o que íamos fazer e perguntou aos outros membros do elenco se estariam dispostos a representar também os seus papéis, para que os órfãos pudessem desfrutar da peça completa. O modo como fez a pergunta significava que eles, na realidade, não tinham alternativa. Olhou em redor da sala, à espera que alguém acenasse afirmativamente com a cabeça para poder tornar a decisão oficial. Ninguém mexeu um músculo, excetuando Eddie. Não sei bem como foi, mas um inseto que se introduziu pelo nariz dele naquele preciso momento fê-lo espirrar violentamente. O bicho saiu a voar do nariz do Eddie, projetando-se sobre a carteira dele e foi cair no chão mesmo ao lado da perna de Norma Jean. Ela saltou da cadeira e deu um grito, e os que estavam ao lado dela exclamaram
-Fuu... que nojo! - O resto da turma começou a olhar em volta e a esticar os pescoços para tentar perceber o que tinha acontecido e, durante os dez segundos seguintes, o pandemônio na sala foi geral. Para Miss Garber essa era a resposta de que precisava.
- Maravilhoso! - exclamou, pondo fim aquela desordem.
Jamie, entretanto, estava a ficar verdadeiramente entusiasmada com a idéia de representar para os órfãos. Durante um intervalo nos ensaios, puxou-me para o lado e agradeceu-me por ter pensado neles.
- Não o podias saber de maneira nenhuma - disse ela quase em tom de conspiração - mas eu tinha andado a pensar no que fazer para o orfanato este ano. Tenho rezado por isso há meses, porque quero que este Natal seja o mais especial de todos.
- Porque é que este Natal é tão importante? - perguntei-lhe, e ela sorriu pacientemente, como se fosse uma pergunta que não tivesse grande importância.
- Porque sim - respondeu, apenas.
O passo seguinte era falar do assunto com Mr. Jenkins, o diretor do orfanato. Ora, eu não conhecia Mr. Jenkins, uma vez que o orfanato ficava em Morehead City, do outro lado da ponte que saía de Beaufort, e nunca tivera qualquer motivo para lá ir. Quando, no dia seguinte, Jamie me surpreendeu com a notícia de que nos iríamos encontrar com ele naquela tarde, fiquei meio preocupado pensando que não estaria vestido à altura. Sei que era um orfanato, mas gostamos sempre de causar uma boa impressão. Apesar de não estar tão entusiasmado com a idéia como Jamie (ninguém se entusiasmava tanto pelas coisas como ela), também não queria ser visto como o Grinch que tinha estragado o Natal dos órfãos.
Antes de irmos ao orfanato para o nosso encontro, tivemos de ir a pé até minha casa buscar o carro da minha mãe e, uma vez lá, planeava mudar de roupa e vestir qualquer coisa melhor. A caminhada durou cerca de dez minutos, e Jamie pouco falou, pelo menos até chegarmos ao meu bairro. As casas que ficavam junto da minha eram todas grandes e bem conservadas, e ela quis saber quem vivia nelas e há quantos anos tinham sido construídas. Respondi às suas perguntas sem prestar muita atenção, mas quando abri a porta da frente da minha casa, percebi, de repente, como aquele mundo era tão diferente do dela. Jamie tinha uma expressão de espanto no rosto enquanto olhava em volta da sala de estar, absorvendo aquilo que a rodeava.
Aquela era, com certeza, a casa mais luxuosa que ela alguma vez conhecera. No instante seguinte, reparei nos seus olhos a viajarem pelos quadros que ornavam as paredes. Eram retratos dos meus antepassados. Como em muitas famílias do Sul, toda a minha ascendência completa podia ser seguida através da dezena de rostos que ladeavam as paredes. Jamie examinou-os demoradamente, procurando parecenças, penso eu; depois, voltou a sua atenção para a mobília, que parecia ainda praticamente nova, mesmo passados vinte anos. Os móveis tinham sido fabricados e esculpidos à mão, em mogno e cerejeira, e concebidos especificamente para cada divisão da casa. Eram bonitos, tinha de admitir mas, na realidade, eu não lhes prestava muita atenção. Para mim, era apenas uma casa. A minha parte preferida era a janela do meu quarto que dava para a varanda do primeiro andar. Essa era a janela das minhas escapadelas.
De qualquer maneira, mostrei-lhe a casa, conduzindo-a numa pequena excursão à sala de visitas, biblioteca, escritório e sala de estar. Os olhos de Jamie iam ficando cada vez mais arregalados com cada divisão da casa que ia vendo. A minha mãe estava lá fora no solário, bebericando um chá de hortelã-pimenta e a ler. Ouviu-nos a espiolhar pela casa, e veio para dentro para nos cumprimentar.
Acho que já disse que todos os adultos na cidade adoravam Jamie, incluindo a minha mãe. Apesar de Hegbert fazer sempre aquele gênero de sermões em que o nome da nossa família estava fortemente implícito, a minha mãe nunca tomara isso contra Jamie, por ela ser tão amorosa. Assim, elas ficaram a conversar enquanto eu subi ao meu quarto no andar de cima para vasculhar o armário à procura de uma camisa limpa e de uma gravata. Naquele tempo, os rapazes usavam gravata, especialmente quando se iam encontrar com alguém com autoridade. Quando desci as escadas vestido a rigor, Jamie já tinha contado o plano à minha mãe.
- É uma idéia maravilhosa - disse Jamie, sorrindo alegremente para mim. - O Landon tem mesmo um coração especial.
A minha mãe - depois de se certificar de que tinha ouvido bem o que Jamie dissera - olhou para mim com as sobrancelhas erguidas, como se eu fosse um extraterrestre.
- Então isto foi idéia tua? - perguntou-me. Como toda a gente na cidade, ela sabia que Jamie não mentia.
Pigarreei, pensando em Eric e no que ainda lhe queria fazer. Havia de me vingar com melaço e formigas.
- Mais ou menos - respondi.
- Espantoso. - Foi a única palavra que conseguiu atirar para fora. Não conhecia os pormenores, mas sabia que eu devia ter sido encurralado para fazer uma coisa daquelas. As mães sabem sempre essas coisas e reparei nela a fitar-me com atenção tentando descortinar o que se tinha passado. Para fugir ao seu olhar inquiridor, olhei para o meu relógio, fingi surpresa e, despreocupadamente, disse a Jamie que era melhor irmos andando. A minha mãe foi buscar as chaves do carro à sua carteira e entregou-mas, continuando a olhar-me de cima a baixo enquanto nos dirigíamos para a porta. Suspirei de alivio, imaginando que de uma maneira ou de outra me havia livrado de qualquer coisa, mas enquanto acompanhava Jamie até ao carro, ouvi de novo a sua voz.
- Aparece quando quiseres, Jamie - gritou a minha mãe. - Serás sempre bem-vinda.
Até as mães, por vezes, podem apunhalar-nos pelas costas. Estava ainda a abanar a cabeça quando entrei no carro.
- A tua mãe é uma senhora encantadora - disse Jamie.
Liguei o motor.
- E - disse eu - suponho que sim.
- E a tua casa é linda.
-Ahá!
- Devias sentir-te grato.
- Oh - disse eu - Sinto-me, pois! Sou o tipo com mais sorte no mundo.
Mas ela não detectou o tom sarcástico na minha voz.

Chegamos ao orfanato mesmo quando começava a escurecer. Chegamos alguns minutos antes, e o diretor falava ao telefone. Era uma chamada importante, e não nos podia receber de imediato, por isso sentámo-nos num banco no corredor junto à sua porta. Estávamos ali à espera, quando Jamie se virou para mim. Tinha a Bíblia no colo. Suponho que a queria para apoio mas, por outro lado, podia ser só um hábito.
- Saíste-te muito bem hoje - disse ela. - Isto é, com o teu texto.
- Obrigado - disse, sentindo-me orgulhoso e deprimido ao mesmo tempo. - Mas ainda não consegui aprender os movimentos - concedi. Não havia maneira de podermos ensaiar isso na varanda, e esperava que ela não o fosse sugerir.
- Vais aprender. É fácil depois de se saber o texto todo.
- Espero que sim.
Jamie sorriu e passado um momento mudou de assunto, apanhando-me mais ou menos desprevenido.
- Costumas pensar no futuro, Landon? - perguntou.
Fiquei surpreendido com a pergunta, pois parecia... tão banal.
- Sim, claro. Suponho que sim - respondi com cuidado.
- Então, o que é que queres fazer da tua vida?
Encolhi os ombros, um pouco receoso com o rumo da conversa.
- Ainda não sei. Não resolvi essa parte. No Outono, vou para a UNC, pelo menos espero ir. É preciso que me aceitem primeiro.
- Vão aceitar-te - disse ela.
- Como é que sabes?
- Porque também rezei por isso.
Quando ela disse aquilo, pensei que fôssemos entrar numa conversa sobre o poder da oração e da fé, mas Jamie atirou-me outra pergunta inesperada.
- E depois da universidade? O que é que pensas fazer então?
- Não sei - respondi, encolhendo os ombros. - Se calhar
vou ser um lenhador maneta.
Ela não achou graça.
- Acho que deverias ser sacerdote - disse ela seriamente. - Acho que és bom a lidar com as pessoas, e elas respeitariam o que tu tivesses para dizer.
Embora a idéia fosse completamente ridícula, eu sabia que lhe vinha diretamente do coração e que o dizia como um elogio.
- Obrigado - disse. - Não sei se farei isso, mas tenho a certeza de que encontrarei qualquer coisa. - Levou-me um momento a perceber que a conversa tinha estagnado e que era a minha vez de fazer uma pergunta.
- E tu? Que queres fazer no futuro?
Jamie desviou o rosto, agora com um olhar distante, fazendo com que me interrogasse sobre o que ela estaria a pensar. Mas o olhar desapareceu quase tão subitamente como tinha surgido.
- Quero casar-me - disse baixinho. - E quando casar, quero que o meu pai me leve até ao altar ao longo da nave da igreja e quero que toda a gente que conheço esteja lá. Quero a igreja a abarrotar de pessoas.
- Só isso? - Embora não fosse adverso à idéia de me casar, parecia-me algo absurdo desejar isso como o objetivo da minha vida.
- Sim - respondeu. - É tudo o que quero.
O modo como respondeu fez-me suspeitar que ela pensava que acabaria como Miss Garber. Tentei fazer com que ela se sentisse melhor, apesar de continuar a achar aquilo ridículo.
- Bem, hás-de casar-te um dia. Vais conhecer um rapaz, vão dar-se bem e ele há-de pedir-te em casamento. E tenho a certeza de que o teu pai terá muito prazer em te acompanhar até ao altar.
Não incluí a parte da igreja cheia de gente. Suponho que era a única coisa que até eu não conseguia imaginar.
Jamie refletiu atentamente na minha resposta, ponderando no modo como eu a havia proferido, embora eu não percebesse porquê.
- Espero que sim - disse ela por fim.
Percebi que ela já não queria mais falar naquilo, não me perguntem como, por isso mudei de assunto.
- Há quanto tempo é que vens aqui ao orfanato? - perguntei em tom de conversa.
- Há sete anos. Tinha dez anos quando vim pela primeira vez. Era mais nova do que muitas das crianças daqui.
- Gostas de o fazer, ou entristece-te?
- As duas coisas. Algumas destas crianças vieram de situações realmente horríveis. Ficamos de coração partido quando ouvimos as suas histórias. Mas quando nos vêem chegar com alguns livros da biblioteca ou um jogo novo, os seus sorrisos afastam toda a tristeza. É a melhor sensação do mundo.
Jamie como que resplandecia enquanto falava. Embora não estivesse a contar aquilo para me fazer sentir culpado, era exatamente assim que me sentia. Era uma das razões por que se tornava tão difícil aturá-la, mas, por aquela altura, estava já a habituar-me bastante bem aquilo. Eu começava a perceber que ela conseguia dar-nos a volta de forma invulgar.
Naquele momento, Mr. Jenkins abriu a porta e convidou-nos a entrar. O escritório parecia quase um quarto de hospital, com chão de azulejos pretos e brancos, paredes e teto brancos, um armário de metal encostado à parede. Onde normalmente estaria a cama, havia uma secretária de metal que parecia acabada de sair da linha de montagem. Estava obsessivamente arrumada, sem um único objeto pessoal. Não havia uma única fotografia ou algo semelhante.
Jamie apresentou-me e cumprimentei Mr. Jenkins com um aperto de mão. Depois de nos sentarmos, foi Jamie quem se encarregou da maior parte da conversa. Eram velhos amigos, percebia-se isso de imediato e Mr. Jenkins abraçou-a efusivamente logo que ela entrou. Depois de alisar a saia, Jamie expôs o nosso plano. Mr. Jenkins já tinha visto a peça há alguns anos e soube desde o inicio do que ela estava a falar. Mas apesar de gostar muito de Jamie e de saber que as suas intenções eram boas, não achou que fosse uma boa idéia.
- Não acho que seja boa idéia - disse ele.
Foi assim que soube o que ele estava a pensar.
- Porque não? - perguntou Jamie, franzindo o sobrolho. Parecia verdadeiramente perplexa com a falta de entusiasmo dele.
Mr. Jenkins pegou num lápis e começou a bater levemente com ele na secretária, como que a pensar na explicação a dar. Passado algum tempo, pousou o lápis e suspirou.
- Apesar de ser uma oferta maravilhosa, e eu sei que gostarias de fazer algo de especial, a peça é sobre um pai que no final se apercebe de como ama a filha. - Deixou que pensássemos nisso durante um momento e pegou de novo no lápis. - O Natal aqui já é difícil que chegue sem termos de lembrar às crianças aquilo que elas não têm. Penso que se as crianças vissem alguma coisa assim...
Nem sequer precisou terminar. Jamie levou as mãos à boca.
- Céus - disse ela, de repente - tem razão. Não tinha pensado nisso.
Nem eu, para dizer a verdade. Mas era evidente logo ali que o que Mr. Jenkins dissera fazia sentido.
Agradeceu-nos, apesar de tudo, e conversou durante algum tempo sobre o que planeava fazer como alternativa.
- Vamos ter uma pequena árvore e alguns presentes - alguma coisa que todos eles possam partilhar. Vocês serão bem-vindos se nos quiserem visitar na véspera de Natal...
Depois de nos despedirmos, Jamie e eu caminhamos em silêncio. Reparei que ela estava triste. Quanto mais tempo passava com Jamie, mais me apercebia de que ela tinha muitas e diferentes emoções - não estava sempre bem disposta e alegre. Acreditem ou não, mas aquela foi a primeira vez que reconheci que em algumas coisas ela era exatamente como todos nós.
- Lamento que não tenha resultado - disse eu baixinho.
- Também eu.
Tinha de novo uma expressão distante nos olhos e demorou algum tempo antes de prosseguir.
- Queria apenas fazer algo diferente para eles este ano. Alguma coisa especial de que eles se lembrassem para sempre. Pensei ter a certeza de que seria isto... - Suspirou. - Deus parece ter um desígnio que eu ainda não conheço.
Permaneceu calada durante muito tempo, e eu observei-a. Ver Jamie sentir-se mal era quase pior do que nos sentirmos mal por causa dela. Ao contrário de Jamie, eu merecia sentir-me mal em relação a mim mesmo - sabia que tipo de pessoa eu era. Mas com ela...
-Já que estamos aqui, não queres entrar e ver as crianças? - perguntei ao silêncio. Foi a única coisa que me ocorreu que talvez a fizesse sentir-se melhor. - Posso esperar aqui fora enquanto tu falas com eles, ou espero no carro se quiseres.
- Não queres ir comigo? - perguntou, de repente.
Para dizer a verdade, não tinha a certeza se seria capaz de lidar com aquilo, mas sabia que ela queria muito que eu fosse. E ela estava tão em baixo que as palavras saíram-me automaticamente.
- Está bem, vou contigo.
- Devem estar na sala de recreio agora. É onde costumam estar a esta hora - disse.
Percorremos os corredores até ao fundo do vestíbulo, onde duas portas davam para uma sala grande. Numa parede mais distante estava suspenso um pequeno televisor com cerca de trinta cadeiras articuladas colocadas em volta. As crianças estavam em volta do televisor, sentados, e percebia-se que apenas os da fila da frente tinham uma boa visão do écran.
Olhei em redor. No canto, havia uma velha mesa de pingue-pongue. A superfície estava rachada e suja, a rede não estava em lado algum que se visse. Em cima da mesa, estavam dois copos vazios de plástico, e concluí que não era usada há meses, talvez anos. Ao longo da parede a seguir à mesa de pingue-pongue havia um conjunto de prateleiras, com alguns brinquedos aqui e ali - blocos e puzzles, alguns jogos. Não eram muitos e pareciam já estar naquela sala há muito tempo. Ao longo das paredes mais próximas, encontravam-se pequenas secretárias individuais com pilhas de jornais rabiscados a lápis.
Detivemo-nos à entrada apenas por um segundo. Ainda não tinham reparado em nós, e perguntei para que serviam os jornais.
- Eles não têm livros para colorir - murmurou - por isso, usam os jornais. - Não olhou para mim enquanto falava. A sua atenção estava voltada para as crianças. Começara a sorrir de novo.
- Estes são os únicos brinquedos que eles têm? - perguntei. Confirmou com a cabeça.
- Sim, tirando os animais de peluche. Podem guardá-los nos quartos. Aqui, guardam o resto das coisas.
Suponho que ela já estava habituada aquilo. Para mim, no entanto, o vazio da sala tornava tudo tão deprimente. Não conseguia imaginar-me a crescer num lugar daqueles.
Jamie e eu entramos finalmente na sala e uma das crianças voltou-se ao som dos nossos passos. Teria perto de oito anos, cabelo ruivo e sardas e faltavam-lhe os dois dentes da frente.
-Jamie! - gritou alegremente quando a viu, e, de repente, todas as outras cabeças se voltaram. As crianças tinham entre os cinco e os doze anos, mais rapazes do que garotas. Depois dos doze anos tinham de sair para viver com pais adotivos temporários, como mais tarde me disseram.
- Olá, Roger - respondeu Jamie -, como estás?
Roger e alguns dos outros começaram a reunir-se à nossa volta. Outras crianças ignoraram-nos e aproximaram-se do televisor, agora que havia lugares vagos nos bancos da frente. Jamie apresentou-me a um dos mais velhos, que viera ter com ela para lhe perguntar se eu era o namorado dela. Pelo seu tom de voz, penso que ele tinha de Jamie a mesma opinião que a maior parte das crianças da nossa escola.
- É só um amigo - disse ela. - Mas é muito simpático.
Durante a hora seguinte, conversamos com as crianças. Fizeram-me muitas perguntas sobre o sítio onde eu vivia e se a minha casa era grande ou que carro é que tinha e, quando finalmente tivemos de ir embora, Jamie prometeu que voltaria em breve. Reparei que não prometeu que eu viria com ela.
No caminho para o carro, eu disse:
- São crianças simpáticas. - Encolhi os ombros desajeitadamente. - Fico contente por quereres ajudá-los.
Jamie voltou-se para mim e sorriu. Ela sabia que não havia muito mais a acrescentar depois daquilo, mas percebi que ainda estava a pensar no que fazer para eles naquele Natal.

Um comentário:

Unknown disse...

olhar esse foi o filme dos seculos, quando assistir meu S2 amuleceu de tanta emoção, eu sou fã de mande e de todos os pessonagens do filme do lendon eu amor vocêis,e com essa musica eu passei a me intereça mais por o inglês e ate estou cantando ja ate escrevir um filme,por espiração do filme o amor pra recordar.......